Esqueça os aparelhos estáticos. A nova vocação da televisão está em seguir o espectador por onde ele estiver.
A relações-públicas Fernanda Médici, de 21 anos, não assiste TV em casa. "Nunca fui muito chegada." Quando quer acompanhar os transtornos da vida de um protagonista de novela, conferir no noticiário em que pé anda a crise econômica, rir dos seriados ou chorar com um filme, ela toma o celular à mão. E vê TV.
Fernanda faz parte de uma revolução que está mudando a maneira como interagimos com imagens em movimento. No computador, por meio de sites, ou nas telinhas dos telefones portáteis, o futuro da televisão aponta para um novo hábito: o de assistir TV fora da TV.
Do início das transmissões, em meados dos anos 20, à consagração dos grandes cubos como o meio de comunicação mais poderoso, a televisão foi capaz de fazer o mundo parar em frente à sua tela. Lançou modas, derrubou políticos e influenciou comportamentos.
Agora é a vez de ela correr atrás do espectador. Sites como o YouTube, o Justin.tv ou o Ustream.tv impulsionaram esse novo jeito de assistir televisão. As vantagens são sedutoras. Perdeu seu programa favorito? Tudo bem, você pode assistir à reprise no portal da emissora. Quer ver uma comédia ou o jornal no celular enquanto se desloca de metrô? É possível também, já que as principais operadoras do país oferecem sinal digital para aparelhos 3G, tecnologia que possibilita a transmissão de dados em alta velocidade. Quer conferir aquele filme clássico do Chaplin mas está com preguiça de ir até a locadora? Entre no Joost. A qualidade dos programas cansa? Produza seu próprio conteúdo com o aplicativo Qik, que transmite ao vivo as imagens captadas pela câmera do aparelho. Você já tem um iPhone? Então por que não instalar o software Orb e acompanhar a programação dos canais abertos?
"Todas essas mídias são complementares", diz Alexandre Cardoso, diretor de marketing do portal Terra, primeira empresa brasileira a montar estúdios exclusivamente para a produção de vídeos para a web. Hoje, o Terra TV recebe cerca de 6 milhões de visitas únicas por mês e tem um acervo de 90 mil vídeos e 200 canais, incluindo episódios das temporadas atuais de seriados badalados, como Desperate Housewives e Grey's Anatomy.
A audiência atinge picos em eventos especiais. Na Olimpíada de Pequim, por exemplo, 15 milhões de pessoas acessaram os 13 canais que transmitiam as competições simultaneamente. No mês passado, o canal AXN estreou no Brasil a quinta temporada de Lost. No site do Terra, o episódio é colocado no ar imediatamente após a exibição na televisão e fica disponível na página durante uma semana.
O mesmo ocorre com a TV UOL, que tem parcerias com MTV, Band News, Discovery e Cultura. O endereço conta com 95 mil vídeos no acervo. O portal Globo.com é outro exemplo. Com um cardápio de 190 mil vídeos, entre novelas, programas e o acervo de raridades da emissora, a cada mês são incluídas 17 mil novas produções. Um dos maiores atrativos para os seus 24 milhões de visitantes únicos mensais é o conteúdo da nona edição do reality show Big Brother Brasil. Segundo Julio Preuss, gerente de inteligência da empresa, esse tipo de evento aumenta os acessos de sites que trazem notícias e vídeos sem prejudicar a audiência da TV.
Fonte: Revista Galileu
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