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    O futuro do trabalho

    dia quinta-feira, 9 de julho de 2009

    Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria. Em 2020, você trabalhará em casa, seu chefe terá menos de 30 anos e será uma mulher.

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    Admita: você também não gosta de trabalhar. Passar o dia inteiro sob luzes fluorescentes, tomando café ruim, sentado em uma cadeira desconfortável e usando um computador velho certamente não faz parte do sonho de infância de ninguém. Admita. E não se sinta culpado. Nossos ancestrais - que nem conheciam as torturas de um escritório - também não eram muito chegados a essa história de trabalho.

    Para gregos e romanos, colocar a mão na massa era considerada tarefa das classes inferiores e escravos. Domenico de Masi, professor de Sociologia do Trabalho na Universidade La Sapienza de Roma e autor do livro O Ócio Criativo, que defende uma abordagem mais lúdica do trabalho, apontou um ponto de convergência em todas as religiões: em nenhuma delas se trabalha no Paraíso. "Tenha o Paraíso sido criado por Deus, tenha sido inventado pelos homens, se o trabalho fosse um valor positivo, no Paraíso se trabalharia", afirma. Ou seja, alguma coisa está errada, e não é de hoje.

    Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglomerados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. "Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?", diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil).

    uv14 Para começar, esqueça essa história de emprego. Em dez anos, emprego será uma palavra caminhando para o desuso. O mundo estará mais veloz, interligado e com organizações diferentes das nossas. Novas tecnologias vão ampliar ainda mais a possibilidade de trabalhar ao redor do globo, em qualquer horário. Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado das redes de produção. Será a era do trabalho freelance, colaborativo e, de certa forma, inseguro. Também será o tempo de mais conforto, cuidado com a natureza e criatividade.

    A globalização e os avanços tecnológicos (alguns deles já estão disponíveis hoje) vão tornar tudo isso possível. E uma nova geração que vai chegar ao comando das empresas, com uma presença feminina cada vez maior, vai colocar em xeque antigos dogmas. Para que as empresas vão pedir nossa presença física durante oito horas por dia se podem nos contatar por videoconferência a qualquer instante? Para que trabalhar com clientes ou fornecedores apenas do seu país se você pode negociar sem dificuldades com o mundo inteiro? Imagine as possibilidades e verá que o mercado de trabalho vai ser bem diferente em 2020. O emprego vai acabar. Vamos ter que nos adaptar. Mas o que vai surgir no lugar dele é mais racional, moderno e, se tudo der certo, mais prazeroso.

    A EXTINÇÃO DOS ESCRITÓRIOS

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    Conexão sem fio e gratuita à internet em qualquer parte, armazenamento virtual de dados, Blackberries, iPhones, notebooks cada vez mais baratos... Os escritórios nunca mais serão os mesmos. Ou melhor, eles simplesmente não serão mais. Deixarão de existir. Os Sohos, sigla para single home offices, ou escritórios caseiros, já possibilitam que 20 milhões de americanos trabalhem meio-período sem sair de casa, e outros 4,2 milhões em período integral. E, quando precisam fazer reuniões ou encontrar os parceiros, eles vão para locais como a Hub: "o escritório do futuro para incubar as organizações do futuro", na definição da própria empresa. Presente em 14 países, inclusive Brasil, a Hub oferece infraestrutura completa de um escritório convencional com a diferença que o interessado paga por horas. O pacote de 25 horas custa em média R$ 100. A filial brasileira localiza-se em São Paulo, no bairro Consolação, a quatro quadras da Avenida Paulista. O espaço é um galpão de 500 m2 onde não há paredes, fileiras de mesas separadas por funções ou divisórias entre os computadores. O que une as quase 30 empresas que atualmente utilizam os serviços da Hub são mesas sobre cavaletes e ideias ligadas a iniciativas socioambientais - exatamente como na matriz inglesa que inspirou a ideia.

    Para pessoas como Mariana Nicolletti, de 26 anos, a combinação Soho/escritório virtual é ideal. Membro do Instituto Brasileiro de Educação para Negócios Sustentáveis, ela se comunica com sua equipe por e-mail, faz reuniões com os colegas espalhados pelo País com o Skype e organiza os projetos em casa. O espaço que tem no Hub é apenas para quando as reuniões pessoais se fazem necessárias. "Se tivéssemos só um escritório ou continuássemos trabalhando em casa seríamos uma organização isolada. Mas, com o escritório virtual, há a possibilidade de ampliar a rede e também fazer negócios", diz. É claro que as sedes de grandes empresas ou os endereços comerciais não irão sumir como num passe de mágica. "Mas a forma de executar os trabalhos já está diferente, o escritório invadiu a casa e vice-versa", afirma Marcelo Neri, diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV. "Há novas formas de adaptar a rotina ao trabalho que vão combinar o lado bom de estar perto da família com o lado ruim de estar o tempo todo ligado na empresa. Mas esse é o desafio dos profissionais do futuro."

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    Fonte: Revista Galileu

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